Foto: André Gonçalves

O metal duro e resistente que deu vida a tantas esculturas de Carlos Martins, o Carlão, revelou um artista de coração mole: a maioria das obras espalhadas por Teresina foram feitas como um presente para a cidade, sem cachê. Carlos é talvez o artista piauiense com mais trabalhos espalhados pelo estado: além da capital, há esculturas em José de Freitas, Parnaíba, Anísio de Abreu, São João do Piauí e também além fronteiras, em Brasília e São Luís.

De Piripiri, estudou Artes Plásticas na Ufpi e tinha como especialidade as famosas “gordinhas”, esculturas em madeira e argila. Logo assumiu a chefia da oficina de artes plásticas na Central de Artesanato Mestre Dezinho – e, tendo descoberto o ferro como matéria-prima ideal, instalou ali uma de suas mais icônicas obras: a“Mega Fauna”, dando boas-vindas.

Outro marco em sua carreira artística foi a produção do “Cabeça-de-Cuia e as Sete Maria Virgens”, um símbolo do Encontro dos Rios em Teresina, que remete a uma famosa lenda daquele lugar. Projetada junto com Nonato Oliveira, a obra inovava por trazer uma das Marias “virgens” grávida.

O ferro seria a expressão de suas ideias por longos anos. Carlão casou-se com Ana Cleide Almeida, teve 4 filhos e estava concluindo mais uma arte em São Luís, em 2013, quando nos deixou. Guardava um projeto para a Praça do Marquês, que não chegou a sair do papel – era seu sonho presentear o bairro onde cresceu com uma escultura em ferro sintetizando seus momentos felizes de criança a brincar na rua: “é o menino que mora dentro de mim”.

(Publicado na Revestrés#28)