Como as cidades vivem? E como deixam viver? O que as cidades fazem com as pessoas? E o que as pessoas podem fazer com as cidades?

Na série “Sobre o aparente fim das cidades”, André Gonçalves apresenta uma caótica e provocativa visão sobre as cidades contemporâneas, esses espaços de vivências, possíveis alegrias e desilusões.

Paisagens conhecidas aparecem transfiguradas, ganham novos elementos, interferências, ruídos. André não quer a imagem de cartão postal, quer arrancar de dentro dela algo mais impressionista. Se há uma crise, as imagens da série nos lembram que ela é mais urbana do que nunca.

Mas, ao se permitir alterar a paisagem, o fotógrafo também propõe a cidade para além do que se habitua a ver, o espaço como capacidade de regeneração e de esperanças. E nos remete a David Harvey: o direito à cidade não como algo que já existe, mas como direito a reconstruir e recriar a cidade.

André, ao seu modo, recria paisagens. No aparente caos, reconstrói cidades.