Ano passado o mundo inteiro foi às ruas e redes sociais perguntar para a academia de artes e ciências cinematográficas: onde estão os negros na premiação de vocês?

Para quem não lembra aconteceu o seguinte. Existia um bom número de filmes com negros atuando, dirigindo, produzindo, cantando, representando e tudo. Quando chegou a hora de mostrar o catálogo de indicações não tinha absolutamente nenhum negro. Muito pelo contrário,. Você cavava, procurava e encontrava o Matt Damon perdido em Marte. Aí não.

O Oscar 2016 poderia ter colocado o Michael B Jordan de Creed, que vá lá, não é tudo isso, mas estamos falando do Oscar, não do Tribeca. Straight Outta Compton é um filmaço. Do começo ao fim. Poderia perfeitamente comparecer a mais indicações, além de melhor roteiro. Beats of no Nation foi outro colocado de lado. Particularmente não gosto do filme, mas o mundo inteiro aplaudiu, principalmente o Idris Elba.

Foi ridículo. Tanto que o Spike Lee boicotou. O Will Smith também. A Jada Pinkett-Smith idem e ainda criaram uma hashtag #Oscarsowhite.

Só para apoiar o que eu tô falando tem um trecho muito bacana no Jornal Nexo.

Estrelas além do tempo

Estrelas além do tempo

“A Academia tem mais de 5 mil membros que votam para selecionar os indicados e os vencedores ao prêmio. Um levantamento do jornal “L.A. Times” mostrou que ela é formada basicamente por brancos (94%) e homens (77%). Apenas 2% dos membros da academia são negros.

O resultado disso se reflete na premiação: em oito décadas de Oscar, apenas 4% dos premiados são negros.

Eis que chegamos a 2017 e fomos surpreendidos. A academia, timidamente, olhou para grandes filmes com negros dirigindo, atuando, produzindo, dançando, representando e compondo.

Tem Denzel Washington candidato a melhor diretor e ator por “Cercas”, que e concorre a melhor filme com “Estrelas além do tempo”, “Moonlight: Sob a luz do luar”. Ruth Negga foi indicada a melhor atriz por “Loving“. Naomi Harris em “Moonlight: Sob a luz do luar”, Octavia Spencer por “Estrelas além do tempo” e Viola Davis em “Cercas”, também foram indicadas a melhor atriz coadjuvante. Mahershala Ali a melhor ator coadjuvante por “Moonlight: Sob a luz do luar”. E na categoria de melhor documentário dos cinco indicados, três abordam temáticas envolvendo o racismo. São eles: “I am no your negro”, “O.J. Made in America” (disponível na ESPN) e “13th” (disponível no Netflix).

É isso, academia. Estou esperando os próximos 237 anos de Oscar para ter certeza que 2017 não foi apenas uma prestação de contas.