Por Luana Sena 

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Fica, vai ter bolo!

Era uma quinta-feira quente de 2012 quando aqueles cinco se encontraram em uma livraria para arquitetar o plano. A missão: entrevistar Assis Brasil, o escritor piauiense com um milhão de livros vendidos. Debateram sobre sua obra, afiaram as perguntas e organizaram-se para seguir até a casa do escritor, faltando 10 minutos para a hora marcada, quando alguém se lembra: “cadê o gravador?”.

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Entrevista com Assis Brasil: o começo de tudo

Ninguém havia levado, mas não confunda com amadorismo. Aquele foi um dia bem de revestrés, para ficar na história e fazer jus ao nome: esquecemos o gravador e quando o arranjamos as pilhas acabaram no meio da conversa. Para completar a maré de contratempos, a cajuína comprada para brindar nossa primeira entrevista era cearense. Estava dada a largada para a edição número um da revista Revestrés, uma revista piauiense para falar de cultura, “essa palavra tão gasta e amassada, surrada e um tanto quanto maltrapilha que tantas páginas e séculos foram gastos para tentar defini-la e, a cada definição, se torna outra”, dizia André no editorial de estreia. A primeira edição homenageava Maria da Inglaterra, rainha do povo, e trazia na capa Assis Brasil – a máquina de escrever.

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Lançamento Revestrés#01 em 29 de fevereiro de 2012

Mas a largada mesmo, de verdade, já havia acontecido dias, meses – talvez, anos – antes, entre encontros e conversas de dois amigos e parceiros de empreitadas: Wellington Soares, professor de Literatura e escritor, e André Gonçalves, da poesia, da fotografia e da publicidade. “Lembro bem das primeiras reuniões acontecendo no mezanino da livraria, para definir a linha editorial. Ali nasceram as primeiras ideias de seções e até o próprio nome da revista”, conta Wellington. “Do início, uma lembrança que acho comovente foi o momento da decisão de fazer a revista”, recorda André. “O papo simples, direto, franco e com um pouco de delírio”.

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Eles fundaram a Quimera (empresa de editoração, que passou a publicar a Revestrés e, depois, outros livros e produtos) e recrutaram auxílio para fazer o que, supomos, fazemos de melhor: acreditar em sonhos. Além de mim, vieram Samária Andrade, para o conselho editorial, Maurício Pokemon, nas fotografias, Alcides Junior, diagramação, e as jornalistas Liliane Pedrosa e Nayara Felizardo. Algum tempo depois, para botar ordem na casa, chegaram Adriano Leite, da administração, e Victória Holanda, a mais nova e intrépida repórter da turma.

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“Não tem ninguém da equipe que seja alguém que eu não queira estar ao lado, trabalhando ou convivendo”, confessa André, que comanda as reuniões de pauta bimestrais “desierarquizadas” – como um bate-papo, um encontro de amigos, quase sempre regado a pizza e fotos para o Instagram. “É uma mistura de experiência e juventude, onde todos aprendemos, todos crescemos”.  Para Samária, a descontração é um dos ingredientes que não pode faltar nesses encontros para definir entrevistados e temas de cada edição. “São sempre oportunidades de boas conversas – algumas muito produtivas e reflexivas. Outras viram uma grande farra. Somos felizes juntos”.

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Não demorou muito e fomos parar na academia – constantemente nos chegam artigos, dissertações e outras análises de pesquisadores sobre a nossa produção. Jornalisticamente, também entramos para o hall dos premiados: com dois anos de mercado, Revestrés levou quatro vezes o Prêmio Piauí de Reportagem (dois na categoria impresso, um em fotografia e mais outro em desenho de humor) e foi finalista de um nacional, com matéria da seção gastronômica, que sempre tenta contar a deliciosa história por trás de uma história delícia – alterando os fatores, desordenamos – e adoramos – o resultado.

479734_437866229617718_1523554109_nNa brincadeira – que levamos muito a sério – de fazer revista já se vão quatro anos – estampados em 23 edições.  João Cláudio Moreno, Benjamim Santos, Teresinha Queiroz, Eder Chiodetto, Niède Guidon, Douglas Machado, Marcelo Evelin, Paulo José Cunha, Marinalva Santana, Isis Baião, Luiz Alberto Mendes, Ziraldo e Ferreira Gullar foram alguns dos entrevistados que nos ajudaram a pensar, quando sentiram-se a vontade para, em nossas páginas, dizer o que quisessem.

“Costumamos dizer que fugimos aos padrões clássicos do jornalismo”, revela Samária. “A gente se apaixona pelos entrevistados”. Mais do que isso, Sam. A gente se apaixona toda hora, por tudo que a gente que faz.