Na cronologia

Do cretáceo,

Secreta

Segredos

Tão seus.

Vitimado

Por quebrantos

E encantos

Como.é.teu

O cúmulo

De acumular

O que viveu;

Abarrotar

Folhas

Rasuradas,

Indeléveis

E pulsantes

Nas gavetas.

Não as digeria,

Nem as queimava;

Não se dava

Pautas brancas

E vazias.

Trazia, vivas,

Anjas nuas,

Lépidas e lascivas,

A lhe morderem

O peito,

Por dentro;

E a girar

Anti-horário

Esmerilhando

O conta-giros

Dos dias,

Faziam-no rever

E reviver

Cada gota

De dor

Partilhada

E partida.

E, sabia,

As traria

Impecáveis, ali.

Elas,

Cada uma

Delas todas.

Talvez

Pra sempre;

Talvez

Por uma vida

Inteira;

Talvez mais;

Talvez…

É que o pior, sabia:

‘Não é o que morre

Quando tudo acaba

É o que fica vivo

Por dentro

Quando tudo

Acaba ou morre.’

(Publicado na edição #31, Junho/Julho 2017)

A poesia de Francisco de Sousa Vieira Filho ocupa esta edição. Advogado, poeta e contista, é autor dos livros de poesia Lira Antiga Bardo Triste (2009) e Lira Nova Bardo Tardo (2010), além de Codex Popul Vuh: Ramo de Folhas (2013), este último de contos e crônicas.

Quer ter seu trabalho publicado aqui? Mande para ocuperevestres@gmail.com Vamos estar esperando hein?