Após ter escrito a peça “A Guerra dos Cupins”, que tinha na sua estrutura nove músicas, mas ficando no espetáculo apenas oito, visto que uma fora proibida pela Censura Federal, me veio a vontade irreprimível de fazer um musical completo.

Foto Margareth Leite

Como eu via aquelas casinhas minúsculas que se pareciam com casas de pombos, e estava no auge dos conjuntos habitacionais em Teresina, me interessei pelo assunto. Era 1982 e comecei a pesquisa pela Câmara dos Deputados para saber sobre o Banco Nacional de Habitação – BNH, e tive a ajuda do professor Wall Ferraz, do qual tinha sido aluno na Universidade Federal do Piauí das disciplinas de História do Brasil I, II, III.

De posse dos dados, passei a visitar os conjuntos habitacionais existentes naquela época e me apeguei ao então ITARARÉ, porque vi tanta sujeira, lama e muito sofrimento de pessoas que tentavam sobreviver, mas tinham uma casa dada pelo Governo. Juntei tudo num caldeirão: lembranças da infância em Campo Maior, um bêbado chamado Mané Rola, uma senhora meio louca apelidada de Pacu, os ditos populares da minha aldeia e sacudi tudo misturando os gêneros dramáticos como a farsa, a tragédia, o drama, a comédia e com a música de Aurélio Melo, deu a loucura que batizei de “Itararé – A República dos Desvalidos”. Hoje, apenas “A República dos Desvalidos”. Como diz o texto: “ Itararé é só um nome que poderia ser de milhões. Existem centenas de itararés pelo Brasil.

 

A República
dos Desvalidos

Ficha técnica

Realização: Grupo de Teatro
Pesquisa – Grutepe

Texto e Direção: Afonso Lima

Direção: Arimatan Martins

Atuação: Lari Sales, Vera Leite,
Bid Lima, Edith Rosa, Eliomar Filho, Fábio Costa e Marcel Julian

Músicas: Aurélio Melo e Afonso Lima

Figurino e Cenografia:
Bid Lima e Emanuel de Andrade

Iluminação e Operação de Luz: Assaí Campelo e Pablo Gomes

Operação de Sonoplastia:
José Dantas e Jocione Borges

Confecção de Figurino: Bid Lima

Montagem: Maykon Kawabe

(Publicado na Revestrés#30, Abril/Maio 2017)